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MORRO GAUCHO

CAMPO-ESCOLA ESPORTIVO/TRADICIONAL “MORRO GAÚCHO” ARROIO DO MEIO – RS "O Morro Gaúcho é uma falésia de 80 metros de altura situada no topo de um morro de 559 m.a.n.m. Situa-se entre Arroio do Meio e Encantado, na localidade de Palmas (ver mapa). Devido à paisagem, é um ponto turístico da região. Apesar de receber alguns visitantes esporádicos, não possui nenhuma infra-estrutura. O topo do morro pode ser acessado de carro e é perfeito para acampar depois de um dia de escalada."

MORRO GAUCHO
Por Alexandre Altmann em 19/Abril/2008
Como Chegar: De carro:
Arroio do Meio situa-se a 110 km de Porto Alegre, acesso pela BR-386, seguindo depois pela RS-130. Do trevo de Arroio do Meio, conte no odômetro 10km (você estará um pouco antes da localidade de Palmas); quando chegar na placa “KM 88” da RS-130, encontrará uma entrada à esquerda, uma estrada de chão (subida); logo nessa entrada tem uma placa luminosa indicando “Boate Sexy”; da entrada são aproximadamente 4,5km de subida até o cume. [Depois do trevo de Estrela, o morro que você vê no horizonte é o Morro Gaúcho. Quando passar 5km do trevo de Arroio do Meio, a RS-130 percorre o fundo do vale, entre o rio Taquari e a base do Morro – uma paisagem fantástica que rende várias fotos].
De ônibus:
a empresa “Expresso Azul” possui linhas regulares de PoA a Encantado. Peça para o motorista sobre a possibilidade de saltar na localidade de Palmas, entre Arroio do Meio e Encantado. Carregue sua mochila junto com você ou a retire do bagageiro em Arroio do Meio e peça para descer na entrada do Morro Gaúcho, no “KM-88 da RS-130”, pouco antes da localidade de Palmas. Dali são 3,5km de subida até a base das vias ou 4,5 até o topo. [Atenção: a linha semi-direta não pára no morro. Nesse caso, há a opção de descer em Arroio do Meio e pegar outro ônibus (empresa Bento ou Arroio do Meio), peça um que passe na entrada do morro Gaúcho. Essa opção pode ser mais rápida do que um Expreso Azul pinga.]
Acesso as vias: são duas opções: a mais utilizada é deixar o carro na curva após a construção abandonada (espécie de chapa de concreto, à esquerda), a 3,5km da entrada do morro e 1km antes do topo. Aí você estará no local que a estrada mais se aproxima da base da parede. Logo após a curva da estrada, terá uma picada escondida no mato à direita de quem sobe (deixamos a entrada parcialmente coberta por mato por questão de segurança). Essa picada (que é uma estrada abandonada, tomada pelo mato) sairá na base da parede dinamitada. Procure à direita (olhando de frente a parede dinamitada) a entrada de outra picada. Essa picada costeia o barranco por baixo, por 30 metros, e depois sobe em direção à parede natural, à esquerda. Você chegará na base da parede natural, numa contenção feita de ferros e pedras – é a base da via “Pioneiros”. Da estrada (onde fica o carro) até a base da parede natural (onde estão as vias) são aproximadamente 500 metros. A outra opção é subir até o topo e procurar a parada da via “Leo Lantz” e descer de rapel até a base das vias (50 metros ou 2 lances de 25m). [Se você optar por rapelar pela via “Leo Lantz”, deixe o carro na entrada da base das vias e caminhe até o cume (1km). Além de mais seguro para o carro, ele já estará lá quando você descer das vias, ou seja, não precisará escalar uma via até o cume]. A trilha da base da vias costeia a parede e sai no cume, sendo que os trechos mais íngremes estão equipados com cordas fixas.
Acampamento: Em condições ideais de clima, o morro é um local agradável para acampar, especialmente no topo. A vista do vale, o céu muito estrelado, a temperatura sempre agradável à noite, fazem do topo do Morro Gaúcho um dos melhores locais para acampar da região (à noite). No entanto, de dia é insuportável permanecer no topo, pois não existem árvores. O mais indicado é deixar o equipamento de camping no carro e montá-lo somente à noite, no topo. [Atenção: leve seu lixo e procure recolher o lixo de visitantes “desavisados”. Preferencialmente não faça fogueiras: costuma ventar de moderado a forte no topo, o que aumenta significativamente o risco de incêndio no capim seco que cresce em abundância no local. Se for fazer fogo, faça uma proteção de pedras ou leve churrasqueira portátil. Não corte vegetação: leve seu carvão/madeira. Barracas: o chão é de pedra, “specs” não servem para prender a barraca. Em compensação, nos arredores se encontram várias pedras que podem ser usadas para prender a barraca. Leve vários metros de barbante para isso].
Agua ATENÇÃO: não existe água no parte superior do morro. O recomendado é trazer de casa toda a água que for consumir. No caso de fazer fogueiras, trazer água extra para apagar o fogo. [O último lugar que se pode conseguir água no morro é a propriedade do Sr. Genésio, que fica à direita de quem sobe, pouco depois do local onde se avista pela primeira vez a parede, tem uma porteira de madeira e muro de pedras].
Melhor época como os demais locais de escalada tradicional do Rio Grande do Sul, a melhor época para escalar no Morro Gaúcho é o inverno. No entanto, no outono e primavera é agradável escalar no local. No verão pode-se escalar as vias esportivas, que ficam na base da parede, na sombra. [Particularmente eu gosto de acampar no inverno no morro, buscando evitar os dias com vento. No entanto, acampar no topo é sempre agradável quando não venta muito. A escalada no verão é praticável no final da tarde ou início da manhã nas vias tradicionais. Depois da chuva, no verão a parede leva dois dias para secar e de quatro a cinco dias no inverno].
Segurança até hoje, houve apenas um relato de arrombamento de veículo para furtar o rádio. Não é recomendável deixar o acampamento montado/sozinho. É preferível deixar o carro na estrada, na entrada da trilha das vias, pois nesse local nunca houve problemas. Procure não deixar o carro no topo, especialmente nos finais de semana. Durante a semana, dificilmente o morro recebe visitantes.
Escalada em rocha no morro predomina o estilo esportivo-tradicional, isto é, vias curtas com proteção mista (fixa e móvel), de diversas dificuldades e exposição. Todas as vias possuem paradas que possibilitam o rapel. Uma opção interessante é escalar a parede pelas várias vias que ligam os platôs, como, por exemplo, escalar a “Diedro Perfeito” (1ª enfiada), entrar na “Aprendiz de Feiticeiro” (2ª enfiada) e fazer cume pela 3ª enfiada da “Pioneiros”. Das 14 vias existentes, apenas duas são completamente grampeadas, dispensando o uso de equipamento móvel. Em outras vias, pode-se dispensar os equipamentos móveis com algum risco adicional. Em todas as vias, o uso de equipamento móvel aumenta consideravelmente a segurança das vias. As colocações em móvel, em sua grande maioria, são excelentes e seqüenciais. As vias grampeadas possuem proteções menos seqüenciais do que as vias em móveis, aumentando um pouco o grau de exposição (nada exagerado, quedas seguras), permitindo intercalar móveis. As duas vias com trechos em artificial foram pouco repetidas. [Lista de equipamentos: 1 jogo de nuts; friends, equivalendo aos tamanhos dos camelots #0.2; #0.3; #0.4; #0.5; #0.75; #1; #2 e #3; nove costuras (pelo menos quatro longas); corda de 50 metros; capacete; um par de estribos. Para as vias em artificial, além dos equipos citados, dois cliffs de buraco, dois cliffs de agarra, pítons (2 lâmina,2 lost arrow, 1 universal, 1 canaleta pequeno) e micronuts.]


DETALHAMENTO DAS VIAS DE ESCALADA DO MORRO GAÚCHO:
1 Pioneiros: 5º/E2/A1 (***) (80m; 3 enfiadas; proteção em grampos de 12mm; o artificial de 3 grampos exige apenas estribos ou fitas longas; todas paradas em dois pinos de 12mm; acessa o cume). > setor “Pioneiros”, inicia na base.
2 Leo Lantz: 6sup (***) (50m; chapeletas/bolts de 10mm; pode ser feita em uma ou duas enfiadas; também utilizada como via de acesso ao cume e rapel de 50m ou dois lances de 25m+25m; necessita um estribo para saída e um camelot #2 para proteção da saída). > Setor tetos ou “Léo Lantz”, inicia na base.
3 Sonho de Liberdade: 4º/E3/A2 (*) (70m; 3 enfiadas; via mista com proteção em bolts de 10mm, sem chapas; primeira enfiada em artificial: 2 pítons lâmina, 2 canaleta, 2 cliffs de agarra e 2 cliffs de buraco, nuts pequenas e friends); parada em duas chapas; a segunda enfiada é toda em móveis, com poucas proteções [E3], usando um camelot #0.5, nuts médias, fitas compridas e pítons [canaleta] para proteger, parada em uma chapa; a terceira enfiada, logo após dominanar um platô e saindo pela direita, protege bem com um camelot #2 e toca direto ao cume, parada em árvores; acessa o cume). [esta via conta apenas com duas repetições. O rapel é só recomendável da primeira parada até o chão] > Setor do meio ou “Sonho de Liberdade”, inicia na base.
4 Conexão Torpedo: 6sup/E2 (***) (25m; via mista: nuts médios e friends pequenos; 3 chapas e bolts de 10mm; parada em corrente; possibilita rapel; acessa o primeiro platô da parede). > setor “Pioneiros”, inicia na base.
5 Diedro Perfeito: 6sup (***) (25m, via mista: nuts pequenos, microfriends e camelot #2, chapas e bolts de 10mm; utiliza a corda já fixada para acessar o platô; parada em um pino de 10mm; acessa o primeiro platô da parede). [costuma-se fazer a via até terceira chapeleta, a qual possui um mosquetão fixo para descida] > setor “Pioneiros”, inicia na base.
6 Aprendiz de Feiticeiro: 6sup/E2 (***) (30m; uma enfiada; via mista: camelot #0.75; stopper #12; camelot #0.3; #0.5; stopper 13; 2 chapas e bolts de 10mm; stopper 8; camelot #1 e #2; parada no coqueiro; acessa o segundo platô da parede). [está via é muito recomendável porque sai do primeiro platô da parede, sendo bastante vertical e exposta, com excelentes passadas em livre. Poucas repetições.] > setor “Pioneiros”, inicia no 1º platô.
7 Não tá morto quem peleia: 7a/b (***) (45m; duas enfiadas; chapas e bolts de 10mm; paradas duplas em corrente/chapa, permite rapel em um ou dois lances de 25m; acessa o cume). [sugere-se utilizar um microfriend tamanho camelot #0.2 para proteger a saída, visto que a primeira chapeleta está a oito metros do chão. ATENÇÃO: ESTA VIA ESTÁ INTERDITADA, AGUARDANDO MANUTENÇÃO, pois as chapas estão enferrujadas demais. No entanto, é possível colocar uma corda de cima, a parada do cume está em bom estado] > Setor da via “Leo Lantz”, inicia na base.
8 Supertramp: 6a/A2 (*) (30m; uma enfiada; a parte em livre conta com chapas e bolts de 10mm e um pino de 10mm; o artificial exige um camelot #1; 2 cliffs de buraco e 2 de agarra; parada em dois pinos de 12mm – parada silmultânea com a segunda parada da via Pioneiros; acessa o segundo platô da parede). [recomendável fazer a parte em livre e rapelar do pino que marca o início do artificial. A via teve apenas uma repetição completa] > setor “Pioneiros”, inicia no 1º platô.
9 Não Adianta Piscar que não volto nunca mais: 6a - (**) (20m; via em móveis: friends e nuts médios e grandes; parada em um pino de 10mm; pode-se acessar o primeiro platô da parede). [a via teve poucas repetições] > setor “Pioneiros”, inicia na base.
10 Formiguinhaz: 5º (***) (15m; via esportiva em móveis: camelots #2 e #0.5; stopper 13; camelot #0.3; stopper 10; camelot #0.75; stopper 8; parada dupla em corrente) [via bastante utilizada para aquecer. As proteções são excelentes.] > setor “Pioneiros”, inicia na base.
11 Pioneiros/variante: 6º (***) 25m; uma enfiada; via mista: stopper # 13 e #10; camelot # 0.5 e #2; parada simultânea a primeira da via Pioneiros; acessa o primeiro platô da parede. [boa via para aquecer. Proteções excelentes.] > setor “Pioneiros”, inicia na base.
12 Ya no estoy acostumbrado: 7a (***) (10m; via esportiva em móveis: stopper 10; camelot #0.3; #0.4 e #0.5; corrente em um bolt para rapel, que pode ser reforçado com um camelot #0.5 para toperope. setor “Pioneiros”, inicia na base.
13 É isso que o véio gosta, é isso que o véio qué!: 6º/E3 (**) 40m; uma enfiada; via mista: camelot #3; #0.5; #2; #1; #0.75; stopper 10; uma chapa caseira com bolt de 10mm; parada dupla com chapas Bonnier; rapel direto ao chão. setor “Pioneiros”, inicia na base.
14 Grande Avalanche de Lixo: 6sup (**) 15m; via esportiva mista: chapas e bolts de 10mm; camelot # 0.3; 0,75 e stopper 10; parada em uma bonnier. Setor “Pioneiros”, inicia na base.


Observacoes
- As vias estão em ordem cronológica de conquista/equipagem.
- Entre [chaves] estão sugestões e informações adicionais.
- A parede contínua do Morro Gaúcho se divide, na largura em três setores: o setor da via “Pioneiros” (mais alto); o setor “do meio” ou da via “Sonho de Liberdade” (60 metros); e o setor “dos tetos” ou da via “Leo Lantz” (50 metros).
- O setor da via “Pioneiros” concentra o maior número de vias e, na sua altura total (80 metros) é dividido em vias que iniciam na base da parede, no 1º platô ou no, segundo platô.
- Os equipos móveis citados estão em ordem de utilização na via, saia do chão equipado!
- Gradação das vias: (*) pouco recomendável; (**) recomendável; (***) muito recomendável.


LISTA DE CONQUISTADORES/EQUIPADORES
1 Pioneiros: 5º/E2/A1 (***) a primeira enfiada foi conquistada em 1995 por Juliano Cabanellos, Leandro Edelwein e Mauro D’Agostini; a segunda e terceira enfiadas foram conquistadas por Alan P. Bischoff, Rute Bersch, Fábio Guarnieri, Alexandre Altmann, Iuberê Dutra Machado, Jean Deponti e Rafael B. Vivian, em 1997.
2 Leo Lantz: 6sup (***) equipada em 1998 por Alan P. Bischoff, Rute Bersch e Alexandre Altmann.
3 Sonho de Liberdade: 4º/E3/A2 (*) conquistada em 1998 por Luis Leandro Grassel, Rute Bersch, Alexandre Altmann e Fábio Guarnieri. As repetições foram de Alexandre Altmann (em solitário, em 1998) e Alan Bischoff e Alexandre Altmann, em 2004.
4 Conexão Torpedo: 6sup/E2 (***) equipada em 1999 por Felipe Lenhard e Alexandre Altmann.
5 Diedro Perfeito: 6sup (***) equipada em 1999 por Felipe Lenhard e Alexandre Altmann.
6 Aprendiz de Feiticeiro: 6sup/E2 (***) equipada em 1999 por Felipe Lenhard e Alexandre Altmann.
7 Não tá morto quem peleia: 7a/b (***) equipada em 1999 por Tiago Balen e Alexandre Altmann.
8 Supertramp: 6a/A2 (*) equipada em 1999 por Alexandre Altmann.
9 Não Adianta Piscar que não volto nunca mais: 6a - (**) conquistada em 1999 por Felipe Lenhard e Alexandre Altmann.
10 Formiguinhaz: 5º (***) conquistada em 2001 por Alexandre Altmann Karine Schott.
11 Pioneiros/variante: 6º (***) conquistada em 2005 por Marcelo Vargas e Ricardo Amim.
12 Ya no estoy acostumbrado: 7a (***) conquistada em 2006 por Alexandre Altmann e Karine Schott.
13 É isso que o véio gosta, é isso que o véio qué!: 6º/E3 (**) conquista em 2006 por Alan P. Bischoff e Alexandre Altmann. Única repetição em 2007, por Cristiano Fell e Alan P. Bischoff.
14 Grande Avalanche de Lixo: 6sup (**) equipada em 2007/2008 por Cristiano Fell, Alexandre Altmann e Marcelo Vargas.


Todas as informacoes acima foram extraidas do Guia do Morro Gaucho de Por Alexandre Altmann
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